As cervejas ALE (pronuncia: "Êl"), a fermentação dá-se num ambiente de temperatura relativamente alta, entre 15º a 24º ou mesmo mais, e isto num período de tempo curto, que rondará os três a cinco dias. Na fase de alta fermentação a levedura sobe à superfície, sendo que o tipo de levedura utilizada é a Saccharomyces cerevisiae. Este processo é o mais antigo, daí que as cervejas do tipo Ale fossem as únicas disponíveis até meados do século XIX, altura em que foi inventada a baixa fermentação.
Este processo de alta fermentação ou fermentação a quente, realça os sabores mais complexos, frutados e lupulados da cerveja. São pois, em geral, cervejas mais encorpadas e vigorosas sendo que, apesar disso, podem variar muito de uma marca para outra, com características que vão desde o doce ao amargo e das claras às escuras.
Altbier - Uma especialidade de
Dusseldorf, a Altbier é uma cerveja de cor castanha, habitualmente oriunda da
Alemanha. Sabendo que "alt" significa literalmente velho em alemão,
esta designação aplica-se-lhe devido à capacidade que esta cerveja tem para
envelhecer durante mais tempo do que seria normal para outros estilos. É uma
cerveja bem balanceada e delicada, com boa presença de frutas e grande
equilíbrio entre malte e lúpulo e uma presença mediana de gás. A Sticke é uma
versão mais forte das Altbier, com maior presença de malte e lúpulo. A experimentar: Schlosser Alt; Uerige Doppel
Sticke; Widmer Brothers Winternacht.
|
|
Amber Ale - Sendo esta uma designação
muito genérica, as Amber Ale podem variar desde produtos sem grande interesse
e caramelizados, a cervejas como uma boa quantidade e balanço entre malte e
lúpulo. Habitualmente, a diferença entre uma Amber Ale de qualidade e uma
Ameriacan Pale reside no facto da primeira poder ter um carácter mais escuro
devido ao malte utilizado, tendo em contrapartida menos lúpulo. A experimentar: Mac and Jacks African Amber Ale; New Belgium Fat Tire; Troegs HopBack Amber Ale.
|
|
American Pale Ale - As American Pale Ale são
cervejas claras, que vão desde o amarelo dourado até à cor de cobre. O estilo
desta cerveja é definido pelo lúpulo de origem americana que nela é usado,
transmitindo este, em geral, um forte aroma à cerveja bem como uma relativa
acidez. Esta é uma excelente cerveja para acompanhar refeições ligeiras como
pizzas e hambúrgueres, bem como sushi e saladas. A experimentar: Three Floyds Alpha King; Flying Dog
Doggie Style Classic Pale Ale; DuClaw Venom Pale Ale.
|
|
American Strong Ale - Este é um estilo muito
abrangente, que engloba uma grande quantidade de cervejas fortes com volume
alcoólico superior a 7% e oriundas dos EUA. Muitas delas são parecidas com as
English Strong Ale, apesar de, habitualmente, possuirem um maior teor de
lúpulo. Independentemente das suas origens e das suas características, são no
seu todo cervejas fortes, com grande presença de malte, lúpulo e, obviamente,
álcool. A
experimentar: Oggis Hop
Whompus; Stone Arrogant Bastard Ale; Bear Republic Hop Rod Rye Ale.
|
|
Baltic Porter - Durante o século XVIII, as
Porters eram bem mais fortes do que o são hoje em dia, sendo que facilmente
ultrapassavam os 7% de volume de álcool. Muitas cervejeiras inglesas faziam
mesmo produtos mais fortes destinados à exportação, tendo como principal
mercado os países em redor do Mar Báltico. Estas cervejas eram derivadas das
Porter inglesas mas tinham também algumas influências das Russian Imperial
Stouts, pelo que por vezes podem ser identificadas como Imperial Porters. É
um estilo muito complexo,especialmente o sabor, com presença de chocolate e
malte torrado, elaborado com lúpulo continental e malte de Viena ou de
Munique. Apesar de tudo, é uma cerveja não muito pesada devido a uma boa
presença de gás. A experimentar: Koff Porter; Baltika 6 Porter; Carnegie Porter.
|
|
Belgian Ale - Com raízes que remontam a
meados do século XVIII, as Belgian Ale atingiram o seu estado de perfeição a
seguir ao fim da 2ª Guerra Mundial. Actualmente são consideradas uma cerveja
para todas as ocasiões, por oposição às Belgian Strong Ales, suas
"parentes". Neste estilo nada deve ser muito pronunciado: o
equilíbrio entre os diversos elementos é a chave do sucesso. Podem ir de um
amarelo dourado até à cor de cobre, boa presença de frutas, malte e
especiarias tanto no aroma como no sabor. Têm espuma branca, cremosa e não
muito duradoura. A experimentar: Palm Speciale; Vieux-Temps; Ommegang Rare Vos.
|
|
Brown Ale - São cervejas com bastante
sabor, forte presença de lúpulo e muito habituais em pequenas explorações ou
mesmo em produções caseiras. São similares às American Pale e American Amber
Ales, diferindo destas por terem uma componente mais forte de caramelo e chocolate,
que servem para equilibrar o lúpulo e o final algo amargo. A cor varia entre
um castanho-avermelhado a castanho escuro e a espuma deverá ser creme e não
muito duradoura. Possui menos álcool que uma Porter e tem, em geral, um sabor
complexo e bem balanceado. Acompanha bem sobremesas, carnes e queijos. A
experimentar: Samuel Smith's Nut Brown Ale; AleSmith Nautical Nut
Brown Ale; Scotch Irish Corporal Punishment.
|
|
Cream Ale - As Cream Ale são uma versão
ale das lagers americanas e surgem para combater no mesmo mercado que estas.
São de aspecto claro e límpido, de corpo leve, forte presença de gás e com
pouca ou nenhuma sensação de lúpulo quer no aroma, quer no sabor, o que faz
com que tenham uma acidez média a reduzida. Por vezes pode-se saborear milho,
que é misturado pelas cervejeiras em detrimento do uso de malte ou lúpulo. A experimentar:Northern Cream Ale; Portsmouth Cream Ale; Wisconsin
Whitetail Cream Ale.
|
|
English Pale Ale - O termo pale foi inicialmente
usado para distinguir as cervejas deste tipo das Porter de Londres que eram
mais fortes e escuras. De facto, as English Pale Ale clássicas não são muito
claras, antes apresentando uma cor que varia entre o dourado e que pode ir
até ao âmbar ou acobreado. A grande diferença deste estilo para as American
Pale Ale será uma maior presença de malte no seu carácter, apesar das
características amargas e secas do lúpulo também estarem presentes. São por
isso excelentes para acompanhar qualquer tipo de prato de carne, desde bifes
a pato, frango ou cabrito. Curiosamente, este estilo é, em termos de
designação, practicamente inexistente para os ingleses pois para eles, uma
English Pale Ale não passa de uma Bitter engarrafada. A sua origem deve ser procurada
nos EUA, local onde este estilo tem muita procura e que, de certa forma,
presta homenagem às Bitter inglesas, nomeadamente à mais conhecida: a Bass. A
experimentar: Jamtlands Pilgrim; Smuttynose Shoals
Pale Ale;Herslev Bryghus Pale Ale.
|
|
Golden/Blonde Ale - É um estilo muito genérico e
com bastantes variantes. Uma das formas habituais será a tradicional Canadian
Ale, muito parecida com a American Pale Ale, quer nas qualidades, quer
principalmente nos defeitos: pouco malte e lúpulo, utilização de outros
cereais menos nobres como arroz ou milho e um sabor e aroma muito neutrais. A
interpretação britânica possui mais lúpulo e menos álcool que as congéneres
norte-ameriacanas, pelo que são mais referscantes e amargas. São cervejas
suaves, com bastante gás, espuma branca e corpo claro e límpido. A experimentar: Crouch Vale Brewers Gold Extra;Redhook Blonde
Ale; Oakham Bishops Farewell.
|
|
Imperial/Double IPA - As Imperial India Pale Ale
(IPA) ou Double IPA, são uma adição recente à paleta de estilos de cerveja.
Essencialmente é uma versão "musculada" duma IPA normal e
acredita-se que teve a sua origem no Festival de Cerveja de Oregon, nos EUA, em
1996, altura em que foi apresentada a Rogue IPA. O estilo demorou algum tempo
a impôr-se mas com a entrada do novo milénio assistiu-se a uma explosão na
sua popularidade, com a apresentação de dezenas de novos exemplares, muitos
deles bastante apreciados pelos conhecedores de cerveja. É ligeiramente mais
escura que uma IPA, devido ao uso de malte em maiores quantidades, isso se
explicando pela necessidade de equilibrar a cerveja que possui, em geral,
quantidades quase absurdas de lúpulo. Tal dá-lhe um carácter amargo e refrescante,
factores que ajudam a encobrir o volume de álcool que pode variar entre os
7,5% e os 10%. Há exemplares que se designam por Extra IPA ou Extreme IPA. A experimentar: Three Floyds Dreadnaught Imperial IPA;Norrebro
Bryghus North Bridge Extreme; Stone Ruination IPA.
|
|
India Pale Ale - Feita para sobreviver às
longas viagens entre a Inglaterra e a Índia, as India Pale Ale têm uma forte
componenete de lúpulo, essencial para conservar a cerveja durante o máximo de
tempo que se conseguisse. Curiosamente, os exemplares americanos conseguem
ter um sabor e aroma ainda mais pronunciados a lúpulo, fruto do gosto dos
consumidores desse país. A cor das cervejas deste estilo varia entre o
amarelo dourado e o acobreado, sendo que o sabor é bastante intenso e
refrescante, indicadas portanto para refeições condimentadas como chili e
vindaloo. Infelizmente, o termo IPA é cada vez mais utilizado indiscriminadamente,
sendo possível encontrar versões com menos de 4% ABV, algo que não se coaduna
com a história deste estilo. Diferenciam-se das English Pale Ale e das
Bitters por terem um sabor final com mais lúpulo e menos caramelo e frutos. A experimentar: AleSmith IPA;Stone India Pale Ale; Two Hearted Ale.
|
|
Irish Red Ale - As ales vermelhas da Irlanda
são cervejas suaves, equilibradas e leves. A um início adocicado, segue-se o
sabor típico do malte e um fim com cereais torrados, o que lhe dá uma
carácter seco. Estas características podem ser acentuadas e, em consequência,
adulteradas se a cerveja for servida muito fria. A sua cor avermelhada é
obtida através da junção de malte de cevada, sendo que por vezes se utiliza
milho, arroz ou mesmo açucar para suavizar o produto final. A presença de gás
não é elevada, bem como a do álcool: entre 4% e 6% ABV. Eventualmente poderá
surgir um exmplar mais forte, mas esse será mesmo a excepção à regra. A experimentar: Boulevard Irish Ale; Kilkenny; Beamish Red Irish Ale.
|
|
Kolsch - A designação Kolsch está
protegida por lei e é exclusiva de pouco mais de 20 cervejeiras localizadas à
volta da cidade alemã de Colónia (Koln). Servidas num esguio copo chamado de
Stange, estas cervejas têm como curiosidade o facto de não serem boas para passarem
por um processo de armazenamento muito longo. O sabor delicado e frutado
tende a oxidar com facilidade, pelo que se recomenda um consumo rápido após a
compra. As regras que definem este estilo são muito precisas e muitas das
marcas que se auto-designam como klschbiers não o são na realidade. Bastante
efervescentes e frescas, são feitas a partir do melhor lúpulo alemão (dos
géneros Hallertau, Tettnang, Spalt ou Hersbrucker) e de água bastante
leve. A experimentar: Paffgen Kolsch; Pyramid Curve
Ball Kolsch; Muhlen Kolsch.
|
|
Mild Ale - Ligeiramente maltada e com
pouco sabor e aroma a lúpulo, daí vindo a expressão Mild, estas cervejas são
castanho-escuras e possuem pouco gás bem como pouca espuma. É um estilo que
começa a rarear e, mesmo em Inglaterra, só a encontrará com facilidade na
região das Midlands, perto da cidade de Birmingham. A experimentar:Three Floyds Pride & Joy Mild Ale; Pitfield 1824
Mild Ale;Bank Top Dark
Mild.
|
|
Milk/Sweet Stout - Este estilo de stout de
origem inglesa, historicamente conhecido como Milk ou Cream, devido à
utilização de lactose como adoçante, é de cor bastante escura,
tendencialmente doce e possui um sabor com um toque a cereais torrados, o que
faz com que se assemelhe a um expresso açucarado. Curiosamente, a designação
Milk não é permitida em Inglaterra, apesar de ser corrente noutros países. É
um estilo que produz uma espuma muito cremosa e duradoura, sendo que a
presença de gás é baixa tal como o volume de álcool, que ronda os 4 a 6%. A experimentar: Lion Stout; Pelican Tsunami
Stout; Guinness Foreign Extra Stout.
|
|
Northern English Brown Ale - As ales castanhas inglesas
estão divididas em dois sub-estilos que se agrupam de acordo com
considerações geográficas. Mais secas e com mais lúpulo do que as suas
congéneres do sul, diferenciam-se também por terem um sabor mais a frutos
secos e menos a caramelo. Têm cor âmbar escura a castanho-avermelhada, espuma
pequena e pouco duradoura e sabor doce a malte e biscoitos. A experimentar: Newcastle Brown Ale; Goose Island
Hex Nut Brown Ale; Samuel Smiths Nut Brown Ale.
|
|
Oatmeal Stout - Como muitas outras stouts, as
Oatmeal também são originárias de Inglaterra. Variantes das Sweet Stout,
diferem destas por serem menos doces e por darem mais importância à
utilização de aveia em detrimento da lactose. De cor muito escura, sabor a malte
torrado e aveia, corpo espesso devido ao uso deste último cereal e boa
presença de gás, estas cervejas são bastante suaves e podem dar-nos a
impressão que estamos a beber um chocolate quente ou mesmo um café com com
natas açucaradas. A sua taxa de álcool varia entre os 4,2% e os 5.9% ABV. A experimentar: Broughton Scottish Oatmeal Stout; Anderson Valley Barney Flats Oatmeal Stout; St. Ambroise
Oatmeal Stout.
|
|
Old Ale - Mais um tipo de ale
tradicional inglesa que é assim designado por passar por um processo de
envelhecimento após a primeira fermentação - um processo similar às porters
clássicas. Têm também a característica de poderem ser guardadas algum tempo
antes de se consumir. A presença de álcool e o carácter encorpado e complexo,
faz com que sejam uma excelente companhia nas frias noites de Inverno. A experimentar: Theakston Old Peculier; Portland
Benchmark Old Ale; Fish Tale Old Woody English Old Ale.
|
|
Scotch Ale - Apesar do nome, não irá
encontrar muitos exemplares deste tipo de cerveja na Escócia. Caso procure
nos Estados Unidos ou no Canadá terá, com certeza, mais sorte, apesar de aí
as poder encontrar com a designação de Strong Scotch Ale ou Wee Heavy. Este
estilo designa cervejas fortes, escuras, maltadas e que, usualmente, variam
entre 6.5 a 8.5% ABV. Têm a particularidade de serem fermentadas a
temperaturas mais baixas do que a maior parte das ales e, para além disso,
possuem um carácter maltado e com pouca presença de lúpulo. Este facto faz
com que sejam cervejas que não são aconselháveis para todo o tipo de
refeições, apesar de as podermos beber como se de uma sobremesa se tratassem.
O álcool têm, em geral, uma presença acentuada no sabor, o que ajuda a equilibrar
um possível excesso de malte e de açucar. A experimentar:McEwan's Scotch
Ale; Bitter End Whiskey Wee Heavy; Stoudts Scotch Style Ale.
|
|
Southern English Brown Ale - As Southern English ou
"London-Style" são mais escuras e doces que as variantes do norte. Trata-se
de um estilo quase em vias de extinção e que muitas vezes é confundido ou
englobado noutros tipos de cerveja. O sabor é bastante complexo,
característica dada pela forte presença de malte e de frutos, isto apesar do
volume alcoólico ser relativamente baixo: entre 2,8 e 4,2% ABV. A experimentar: Mann's Original Brown Ale; Dark Star Over
the Moon; Wychwood Hobgoblin.
|
|
Traditional Ale - É um estilo muito genérico,
habitualmente utilizado para designar todos aqueles estilos antigos que
cairam em desuso mas que devido a uma onda revivalista começam agora a
aparecer nos bares e nas prateleiras dos supermercados. Dito isto, torna-se
bastante difícil definir uma característica comum a todas as cervejas aqui
englobadas. Representam, isso sim, um olhar saudoso ao passado e um renascer
pelas antigas técnicas de produção de cerveja. A experimentar: Hair of The Dog
Adam; Bière Darbyste; Jopen Koyt.
|
|
Wood-Aged Beer - Trata-se de um estilo
tradicional, raramente utilizado pelas grandes empresas cervejeiras mas comum
em pequenas explorações, onde é possível guardar a cerveja por longo tempo em
barris de carvalho ou em cascos de outro tipo de madeira. Independentemente
da cerveja base que seja utilizada, as características da madeira e, em caso
de terem sido utilizados barris usados, da bebida que aí tenha estagiado,
devem fazer-se sentir quer no aroma, quer no sabor. Este estilo é muito
diversificado tendo em conta que se pode utilizar uma infinidade de cervejas
base, sendo que a única faceta que as une é o envelhecimento em barris de
madeira. A
experimentar: Petrus Aged
Pale;Dominion Oak
Barrel Stout; MacTarnahan's Oak Aged IPA.
|
0 comentários:
Postar um comentário